O IMENSURÁVEL PRAZER DO PERDÃO


“Por isso te digo: Perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados.” Lucas 7:47,48

Conta-se que Frederico II, rei da Prússia, além de extraordinário estadista, conseguiu também ser muito amado pelo seu povo, em virtude da sua singular popularidade. Certo dia, trajando-se como qualquer cidadão comum, encaminhou-se para uma prisão militar a fim de visitar os encarcerados, e fez absoluta questão de falar com cada detento em particular, e a cada um dirigiu a mesma pergunta, demonstrando também o mesmo interesse em ouvir:

– “Qual é o motivo que o trouxe para cá e qual é sua sentença? – indagava. Escutou pacientemente a resposta de cada um e acabou desanimado com o que ouviu. Quase toda a população carcerária apresentou, de uma ou de outra forma, a sua inocência – vítima de falsos amigos, engano das testemunhas, erro judiciário e assim por diante.

Terminando o período de visitas, enquanto se retirava, ele viu debruçado na grade, um homem triste e visivelmente arrasado. Para ser justo, dirigiu-lhe também a mesma pergunta, que vinha fazendo a todos os demais, ao que o homem respondeu: – Desde bem criança fui rebelde e indisciplinado. Com isso fiz sofrer demais os meus velhos pais. Tornei-me homem, porém, nunca enfrentei o trabalho dignamente. Assim, para sobreviver eu comecei a roubar e, então, de erro em erro não me permiti amadurecer nem raciocinar e me firmar em um caminho seguro; até que, preso por furto e vadiagem, vim parar na prisão.

Consciente de seus erros premeditados e cultivados, aquele homem assumiu a sua culpa, concluindo a conversa com esta confissão: – Minha vida está arruinada por minha própria culpa e agora eu sofro com justiça a punição dos erros cometidos. Olhe moço, eu bem que quisera ter a oportunidade de poder começar minha vida de novo, e então tudo haveria de ser diferente, porque começaria pela dignidade e pelo respeito próprio. Mas, nem sei se tenho direito de sonhar com isso…

Naquela mesma hora, Frederico II ordenou a sua libertação, dizendo: – Ainda poderemos esperar alguma mudança. Os outros têm que ficar!”

O MAIOR VERDUGO DA ALMA

Um dos grandes desafios da sociedade contemporânea é ser liberta de suas culpas, de seus pecados que atormentam dia e noite como um verdadeiro verdugo, açoitando sem cessar as consciências e mentes, martirizando e promovendo várias neuroses e enfermidades na alma e no corpo, e no seu extremo, a morte e a separação eterna de Deus. “ Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá” Ezequiel 18:4 “ Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Romanos 6:23

Por mais que o homem relativize o pecado e a transgressão aos mandamentos de Deus, qualificando como ‘erro’, ‘distorção’, ‘pré-conceito’, ‘falha’, ou camuflando com negação, racionalizando, ou até mesmo cauterizando a consciência, a fim de que não se lembre do ato transgressor. O certo é que pecado tem nome e deve ser encarado como tal, e enfrentado com o antídoto que o próprio Deus deixou.

 A mulher do texto exposto na introdução, Lucas 7:36-50, muito provável ser Maria Madalena (não há consenso entre os teólogos), era reputada como uma ‘grande pecadora’, Vs 37,39. Discriminada, arrasada, martirizada por um sentimento de culpa, um peso em sua alma, que a deixava enferma. Não encontrou ninguém que pudesse perdoar e entender a sua dor, muito pelo contrário, somente algozes a fim de acusá-la como uma mulher leviana e de mau caráter.

Ainda amargando os seus dramas, ouviu falar que Jesus estava em sua cidade e na casa de certo fariseu chamado Simão, o leproso, que havia sido curado por Jesus. Sem perder essa oportunidade, comprou um vaso de alabastro com unguento de nardo puro, muito caro e muito precioso, para perfumar Jesus.

Ao chegar a sua presença, jogou-se aos seus pés. Chorando, e enxugava os pés de Jesus com seus cabelos, clamando e pedindo perdão pelos seus pecados. Enquanto ouvia seus algozes cochicharem uns com outros denunciando­ os pecados por ela cometidos.

                                          PERDÃO LIBERTA A ALMA

Jesus, depois de repreender seus acusadores, vira-se para ela e diz: “Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados.” Lucas 7:48

Posso imaginar aquela mulher depois dessas palavras de Jesus: seu semblante completamente mudado, sua postura corporal, seus olhos brilhantes, a autoestima e a beleza haviam retornado; a paz invadindo o seu ser; o fardo do pecado, a tristeza que dilacerava e encurvava a sua alma, haviam sumido. Seus pés pisavam como em plumas. Seus acusadores já não podiam apontar o dedo, pois, Jesus, o Salvador da humanidade, havia perdoado de seus pecados.

A experiência de ser perdoado, o peso do pecado lançado fora é uma experiência fascinante, é um prazer singular. Sentimentos que os pecadores podem usufruir quando reatam relações rompidas. É como se o sol brilhasse mais, ou como as estrelas dos céus mostrassem seu mais sublime esplendor.

                DECISÕES IMPORTANTES QUE PRECISA SEREM TOMADAS

Para conseguir o prazer e os benefícios relacionados ao perdão, Maria, teve que tomar decisões importantes, que foram determinantes para a sua libertação. Vejamos algumas dessas decisões, para extrairmos ensinamentos para nossa vida:

A primeira decisão é que Maria decidiu não morrer ou ser consumida pelo sentimento de culpa. Ela busca a perspectiva de vida, da esperança e da salvação. Sai da inércia, do drama de morte e busca a vida, indo  até Cristo. “… eu vim para tenham vida e a tenham em abundância.” João 10:10b

A decisão de buscar a Cristo, para Maria, é fundamental, porque tinha-se esgotado toda a perspectiva de ajuda humana. Ela busca o fio da esperança, o conselheiro ideal e o único que conhecia sua dor, suas fraquezas, seus pecados e o seu desejo de mudança.

Maria é movida por um profundo amor a Jesus, um desejo de encontrar-se com ele e de estar em Sua presença. E Jesus sabia que aquela mulher verdadeiramente o amava. Por isso te digo: Perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou…” Lucas 7:47

Maria sabia que para entrar na presença de Jesus, tinha que pagar um preço. Ela não vai de mãos vazias.  Compra um vaso de alabastro, com bálsamo de nardo puro, caríssimo, para urgir Jesus. Devotando a Ele a honra, o louvor e adoração devida. “Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferendas, entrai nos seus átrios.” Salmo 99:8

Outra decisão que ela toma é de enfrentar o inimigo de sua alma, frente a frente, não teme, não nega, não racionaliza, não foge. “O que encobrem as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Provérbio 28;13

Outra importante decisão, é que Maria não teme o ridículo em expor publicamente a sua culpa e seu pecado, pedindo perdão, se humilhando e se arrependendo verdadeiramente. “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz que era mal perante teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar.” Salmo 51:4 “ Humilhai-vos, portanto, sob a mão poderosa de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte.” I Pedro 5:6

Não obstante, muitos terem ridicularizado Maria por sua atitude, Jesus a reconhece como uma grande mulher, corajosa, humilde, cheia de amor por ele, e um profundo desejo de mudar, e de ser uma nova criatura.

 Jesus repreende os seus acusadores e diz que os feitos dela iam ser lembrados nas gerações seguintes. ” Em verdade vos digo: Onde for pregado em todo mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para a memória sua.” Marcos 14:9

CONCLUSÃO

Maria é lembrada pelas decisões importantes que tomou quando estava afligida por um profundo sentimento de culpa, e de fracasso em suas relações com os homens e com Deus, mas soube buscar o caminho da vida e da vitória.

Maria é lembrada porque experimentou o prazer de ser perdoada, e ver a sua dignidade restaurada por Jesus, conhecendo a vida plena e abundante, que só Deus pode dar.

Como você será lembrado (a), depois que passar por essa vida?

 

Pr Francisco Nascimento

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