TEOLOGIA SISTEMÁTICA
DOUTRINA DA SALVAÇÃO
ARREPENDIMENTO, FÉ E CONVERSÃO
ARREPENDIMENTO
A. A Importância do Arrependimento
“A importância do arrependimento não é reconhecida em nossos dias como deveria ser. Os evangelistas apelam aos não salvos para aceitarem a Cristo e crerem, sem mostrar ao pecador que está perdido e carece de um salvador. Mas as mensagens dos profetas do Antigo Testamento (Dt 30.10; I Rs 17:13; Jr 8.6; Ez 14.6; 18.30). Foi o ponto alto da pregação de João Batista (Mt 3.2; Mc 1.15), de Cristo (Mt 4.17; Lc 13.3,5), dos apóstolos (Mc 6.12), de Pedro (At. 2.38; 3.19), de Paulo (At 20,21; 26.20). O arrependimento é algo em que todo o céu está supremamente interessado (Lc. 24.46;15.7,10). É o fundamento dos fundamentos (Hb 6.1; Mt 21.32), porque é uma condição absoluta para a salvação (Lc 13.2-5). “Palestras de Teol. Sist. Pr. Henry C. Thiensen, pág. 252.
B. Seu Significado
O dicionário comum define arrependimento como sendo uma sincera e completa mudança de mente de disposição em relação ao pecado, envolvendo um senso de culpa e desamparo, a previsão da misericórdia de Deus, um forte desejo de escapar ou ser salvo do pecado, e abandono voluntário dele.
“O arrependimento é uma mudança de pensamento ou do ponto de vista no tocante à nossa obrigação para com a vontade e a palavra de Deus”. (Mt 21.30; Lc 15.17,18; 18.13).
A palavra traduzida aqui “arrependimento” significa mudança de pensamento, de propósito, isto é, do ponto de vista referente à matéria; significa possuir outra atitude mental a respeito de algo; é uma revolução de pensamento a respeito de nossos pontos de vista e atitudes. Pedro exortou aos judeus a mudarem de pensamento e de pontos de vista a respeito de Cristo, e a expressarem essa mudança recebendo o batismo. (At 2.36-40).
Alguém definiu o arrependimento das seguintes maneiras: “a verdadeira tristeza sobre o pecado”, “convicção da culpa produzida pelo Espírito Santo ao aplicar a lei divina ao coração; ou, nas palavras de menino: “sentir tristeza ao ponto de deixar o pecado”.
Há três elementos que constituem o arrependimento segundo as escrituras: intelectual, emocional e prático. Podemos ilustrá-los da seguinte maneira: 1 – O viajante que descobre que está viajando em trem errado. Esse conhecimento corresponde ao elemento intelectual pelo qual a pessoa compreende mediante a pregação da palavra, que não está em harmonia com Deus. 2 – O viajante fica perturbado com a descoberta, talvez alimente certos receios. Isto ilustra o lado emocional do arrependimento, que é a auto acusação e tristeza por ter ofendido a Deus. (II Co 7.10). 3 – Na primeira oportunidade o viajante deixa esse trem e embarca no trem certo. Isto ilustra o lado prático do arrependimento, que significa em “meia volta….volver!”. E marchar em direção a Deus. Há uma palavra grega traduzida por “arrependimento” (metanóia), literalmente: mudar de idéia ou de propósito. O pecador arrependido se propõe mudar de vida e voltar-se para Deus; o resultado prático é que ele produz frutos dignos de arrependimento. (Mt 3.8). Por Myer Pearmen. Conhecendo as Doutrinas Bíblicas, pág. 146.
Algumas atitudes norteiam ao coração arrependido que demonstra a sua sinceridade:
- Convicção de pecados. Gn 42.21; Sl 38.4;51.4.
- Ódio ao pecado. Ez 6:9,10.
- Tristeza por causa do pecado. II Co 7.9; Mt 26.75; Sl 38.18.
- Renúncia ao pecado. Jó 34.32; Is 55.7; Pv 28.13; Ez 18.30,31.
- Confissão de pecado. Lc 15.21; Sl 32.3-5;38.18; Lc 18.13.
- Desejo de perdão. Sl 21.1;51.1.
- Disposição para restituir. Lc 19.8; Nm 5.7.
C. Os Meios de Arrependimento
1. Pelo lado divino: é outorgado por Deus. At 11.18; II Tm 2.24,25; At 5.30,31;3.26.
Pensamento: “arrependimento não é algo que o homem pode originar dentro de si mesmo, ou por produzir por si mesmo. É dom divino, resultado da graciosa operação de Deus na alma do homem, devido a qual se dispõe s essa mudança; Deus é quem concede o arrependimento”.
Como então é o homem responsável por não tê-lo? Somos chamados a arrepender-nos para que possamos sentir nossa própria incapacidade de fazer isso, e consequentemente sermos jogados para Deus e pedirmos a Ele que execute esta obra de graça em nossos corações.”
2. Pelo lado humano: há alguns geradores de arrependimento
- Por meio do ministério da palavra. II Tm 2.24,25; At 2.37-41;26.19,20.
- Por meio da benignidade de Deus. Rm 2.4; Ef 4.32.
- Por meio de repreensão e castigo. Ap 3.19; Hb 12.6,10-11.
- Por meio da tristeza segundo Deus. II Co 7.8-10.
- Por meio da percepção da santidade de Deus. Jó 42.2,5.
D. Os Resultados ( benéficos ) do Arrependimento
- Alegria. Lc 15.7-10.
- Perdão. Is 55.7.
- Percepção do Espírito Santo. At 2.38; Ef 1.13.
Pensamento: “Arrependimento não é a mesma coisa que remorso. O remorso é um beco sem saída, o arrependimento é uma estrada transitável. O remorso olha só para os nossos pecados, o arrependimento olha para além dos nossos pecados – para o Calvário. O remorso nos devolve para nós mesmos; o arrependimento nos faz voltar para Deus. O remorso nos faz odiar a nós mesmos; muito embora possamos ao mesmo tempo amar nossos pecados; o arrependimento nos leva a odiar nossos pecados e a amar nosso Senhor num único ato. O remorso é a tristeza do mundo que “produz morte”; o arrependimento é a “tristeza segundo Deus e conduz à salvação”. Por Raimundo de Oliveira, As Grandes Doutrinas Bíblicas. pág. 224.
FÉ
A fé é o aspecto positivo da verdadeira conversão, ao lado humano de regeneração. Pelo arrependimento, o pecador abandona o pecado; pela fé ele se volta para Cristo. Mas o arrependimento e a fé são inseparáveis e paralelos. O verdadeiro arrependimento não pode existir à parte da fé, nem a fé à parte do arrependimento. Tem-se dito que o arrependimento á e fé em ação, e que a fé é o arrependimento em repouso.
A. A importância da fé
Praticamente em quase todos os relacionamentos com Deus, a fé é o ponto culminante nesta relação.
A Escritura declara que somos salvos pela fé (At 16:31; Ef 2:8; Rm 5:1); enriquecidos com o Espírito pela fé (Gl 3.5,14); santificados pela fé (At 26.18); guardados pela fé (I Pe 1.5; Rm 11.20; II Co 1.24; I Jo 5.4); estabelecidos pela fé (Is 7.8); curados pela fé (Tg 5.15; At 14.9); andamos pela fé (II Co 5.7). A fé é necessária para agradar a Deus (Hb 11.6), a descrença é considerada um grande pecado (Jo 16.9), e muitas vezes é um empecilho à manifestação do poder de Deus (Mc 6.5,6).
B. O significado da fé
Pensamento: “Fé no sentido bíblico significa crer e confiar. É o assentimento do intelecto com o consentimento da vontade. Quando ao intelecto, consiste na crença de certas verdades reveladas concernentes a Deus e a Cristo; quanto à vontade, consiste na aceitação dessas verdades como princípios e diretrizes da vida. A fé intelectual não é o suficiente (Tg 2.19; At 8.13,21) para adquirir a salvação. É possível dar seu assentimento intelectual ao evangelho sem, contudo, entregar-se a Cristo. A fé oriunda do coração é o essencial (Rm. 10.9). Fé intelectual significar reconhecer como verídicos os fatos do evangelho; fé provinda do coração significa a pronta dedicação da própria vida às obrigações implícitas nesses fatos. Fé, no sentido de confiança, implica também o elemento emocional. Por conseguinte, a fé que salva representa um ato da inteira personalidade, que envolve o intelecto, as emoções e a vontade.
O significado da fé determina-se pela maneira como se emprega a palavra no original grego. Fé, às vezes, significa não somente crer em um corpo de doutrina, mas, sim, crer em tudo quanto é verdade, como por exemplo, nas seguintes expressões: “anuncia agora a fé que antes destruía” (Gl 1.23); “apostatarão alguns da fé” (I Tm 4.1); “A batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 8). Essa fé é denominada, às vezes, “fé objetiva” ou externa. O ato de crer nessas verdades é conhecida como fé subjetiva.
Seguida por certas preposições gregas a palavra “crer” exprime a idéia de repousar ou apoiar-se sobre um firme fundamento; é o sentido da palavra crer que se lê no evangelho de João 3.16. Seguida por outra preposição, a palavra significa a confiança que faz unir a pessoa ao objeto de sua fé. Portanto, fé é elo de conexão entre a alma e Cristo.
A fé é atividade humana ou divina? O fato de que ao homem é ordenado crer implica capacidade e obrigação de crer. Todos os homens têm a capacidade de depositar a sua confiança em alguém e em alguma coisa. Por exemplo: um deposita sua fé em riqueza, outro no homem, outro em amigos, etc. Quando a crença é depositada na Palavra de Deus, e a confiança está em Deus e em Cristo, isto constitui fé que salva. Contudo, reconhecemos a graça do Espírito Santo, que ajuda, em cooperação com a Palavra, na produção desta fé (vide Jo 6.44; Rm 10.17: Gl 5.22; Hb 12.2).
“Pela expressão ‘fé salvadora’ não pretendemos enunciar uma espécie diferente de fé, mas a mesma fé considerada como condição e instrumento para a salvação. Vimos que o elemento principal da fé é confiança; donde se conclui que a fé salvadora é confiança pessoal na pessoa do Salvador. A causa eficiente desta fé é a operação do Espírito Santo e a causa instrumental é a revelação da verdade referente à necessidade e à possibilidade da salvação. Com respeito à fé salvadora João Wesley declarou: “A fé é uma evidência divina e uma convicção não só de que ‘Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo’ mas ainda de que o próprio Cristo me amou e se deu a si mesmo por mim”.
As Escrituras apresentam a fé como concessão da graça de Deus, e também salientam a respectiva responsabilidade humana, o que ela empresta aspecto tanto divino como humano.
a) Pelo lado divino, (originada de Deus).
b) Deus Pai: sua fonte originadora. Rm 12.3; I Co 2.4,5.
c) Deus Filho: sua fonte medianeira. Hb 12.2; Lc 17.5.
d) Deus Espírito Santo: sua fonte capacitadora. I Co 12.4,,8,9; Gl 5.22,23.
e) Pelo lado humano: assegurada pelo uso de certos meios geradores.
f) A Palavra de Deus ouvida e entendida. Rm 10:17; At. 4:4.
g) Olhando para Jesus. Hb 12.2; Lc 17:5.
h) Orando. Mc 9.24; Lc 17.5; 22.32.
i) Procura o motivo certo. Jo 5.44.
C. Os Resultados da Fé
a) Salvação (inicial). Ef 2.8-10
b) Perdão. At 10.43.
c) Justificação. Rm 5:1.
d) Filiação a Deus. Gl 3.26; Jo 1.12.
- Vida eterna. Jo 20.31.
- Participação da natureza divina. II Pe 1.4.
- Presença de Cristo no íntimo. Ef 3.17.
CONVERSÃO
Definição
O termo “conversão” literalmente significa “virar-se para direção oposta”; abandonar o pecado e aproximar-se de Deus. (At 3:19). O termo é usado para exprimir tanto o período crítico em que o pecador volta aos caminhos da justiça como também para expressar o arrependimento de alguma transgressão por parte de quem já se encontra nos caminhos da justiça. (Mt 18.3; Lc 22.32; Tg 5.20 ).
Embora nitidamente ligada ao arrependimento, a conversão difere dele, uma vez que o arrependimento enfatiza o aspecto negativo do abandono ou saída do pecado, enquanto que a conversão enfatiza o aspecto positivo da volta para Cristo.
O arrependimento nos retira de todos os amores ou inclinações pecaminosas, enquanto que a conversão nos faz voltar para o esposo. O arrependimento produz tristeza pelo pecado, já a conversão produz alegria por causa do perdão e livramento da pena do pecado.
O arrependimento nos leva à cruz; a conversão nos leva ao túmulo vazio do Salvador ressuscitado. A conversão fala do abandono da vida de pecado para abraçar a vida real e verdadeira oferecida por Deus através de Jesus Cristo.
“A verdadeira conversão envolve dois atos da parte do pecador: 1. Dar as costas ao “eu” e ao pecado. 2. Crer em Deus, voltando-se para Ele e abraçando a vida eterna. Se a pessoa não se chega a Deus, buscando-o, a conversão é incompleta. O simples fato de rejeitar o pecado, resulta somente numa reforma humana provisórias e não em transformação divina e plena”. A.D.
Pr Francisco Nascimento
Obs: Esse é um trabalho de pesquisa que aglutina os melhores pensadores sobre as doutrinas de Teologia Sistemática